segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A fuga para debaixo da cama

Não tenhamos ilusões. A luta contra o sistema é em muito uma luta contra os interesses de tripeiros e benfas. Não há como disfarçar que o que ocorre mal nos jogos do Sporting favorece os seus rivais. Por mais que os aficcionados azuis e vermelhos se esmerem por manter um olhar sobranceiro sobre as pequenas conquistas dos leões...é também notório que isso não é prova de uma segurança inabalável no que são capazes de fazer...mas sim no que nós somos incapazes de controlar...ou seja...o sistema.

Não são apenas os rivais que têm a expectativa de que em situações importantes os árbitros acabem por aplicar o julgamento que se dá a um intruso no stablishment, a comunicação social também partilha dessa "promessa". Como tal, caba por entender normais graves erros, esbatendo a verdade desportiva como se tudo pudesse ser comparável e relativizado. Em nenhum caso ocorre a estes "bons rapazes" que não estão a cumprir o seu papel de procurar e relatar a verdade.

Entendo que o empenho e o esforço desta direcção do Sporting deve ser provavelmente a última força do futebol português a sentir-se confiante e com a legitimidade suficiente para tentar romper o muro de silêncio, compadrio e opacidade do sistema. Se falhar, será mais do que um falhanço do Sporting, um chumbo definitivo em todo o futebol lusitano. O ditado diz, "se não os consegues vencer, junta-te a eles" e será isso mesmo que irá acontecer. E não vai ser bonito...

A médio prazo, o envolvimento do Sporting dentro do sistema iria acelerar em muito o estado de degradação já visível da sua consistência. O sistema, outrora um pequeno ensemble Minho-Porto-Aveiro, já tinha sofrido um rombo enorme na sua capacidade ao ter de abrir espaço a um gordo e desajeitado benfica. Não é por acaso que o Orelhas foi nos tempos do Alverca um amigalhaço do Pintinho...ele de facto fazia parte do sistema e deve ter sabido o que fazer quando assumiu a presidência do clube encarnado.

Mas uma coisa é certa, Sporting, benfica e porto...dentro do sistema...faria deste uma coisa inútil. Quem beneficiar? Onde está o poder? Quando estarei protegido e contra quem? Estas perguntas assolariam todos os árbitros, observadores, delegados...e um status quo que não se reconhece, não pode ser reconhecido. Seria o caos absoluto no topo da cadeia de poder e o desmembramento dos lugares e sua influência concertada. Isso destruiria as réstias de reputação da Liga, da FPF e provavelmente obrigaria à actuação da UEFA na suspensão do futebol português.

Só perante esta ameaça agiria o poder político. Sim, esse parceiro de legitimação que nada vê, nada sente, nada entende...comprado à muito com promessas de silêncios e visibilidade nas horas certas.
Nesse caso e só nesse caso iria a PJ, MP e tribunais fazer o que sempre deviam ter feito, ou seja, caçar a corrupção e tráfico de influências sem quartel...sejam eles Presidentes de Câmara nortenhos, Deputados das Ilhas ou ex-ministros do Sul. Mas, palpita-me que chegando a esse ponto, seria tarde demais...e o futebol português já uma sombra falida na preferência dos adeptos por outras Ligas mais saudáveis.

Mas ok...os tripeiros e os lampiões que continuem as piadas dos costume, com as gracinhas de trazer por casa...os árbitros que continuem também a ter "noites azaradas"...os delegados cheios de boa vontade para entender as "dificuldades de apitar", os jornalistas a ver tudo com os óculos da relativização.... um dia falamos.

SL

1 comentário:

  1. Bem dito, só um pequeno aparte, houve um repórter que teve a ousadia de muito timidamente questionar o "vitorias à porto" sobre como ele tinha visto a festa do Sporting (que eu não vi) se estava no banco.
    Vamos ver o que vai acontecer a esse reporter

    Cumprimentos

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