O que se quer e o que se tem

Assim que a nova Direcção do Sporting tomou posse, era óbvio que Jesualdo Ferreira deveria aceitar as “condições” da sua manutenção. Ficou mais ou menos implícito que JF queria a mesma ou maior autonomia para gerir a equipa profissional (talvez desconfiado com a capacidade dos novos dirigentes em apoiá-lo eficazmente), tal como foi transparente que BdC queria meter a mão na massa e queria ainda mais que Inácio a moldasse.

As partes não se entenderam e o espaço dado a Bruma na primeira equipa foi a gota de água. Ainda nem a Liga terminara e já Leonardo Jardim estava embrenhado nos dossiers. Quem também andava com dossiers debaixo do braço era Salvador, desesperado por um trunfo que fizesse esquecer a aposta em Peseiro...Jesualdo parecia perfeito. Um “matrimónio” feito poucos dias mais tarde, que haveria de antecipar uma proposta do Sporting a Jesualdo. Uma proposta feita para recusar com o alivio de ambas as partes.

Algures na SAD tripas alguém haveria de dar a notícia ao presidente. O telefonema tinha sido feito, mas Jardim já tinha assumido o compromisso com o Sporting. Como é típico no carácter prepotente desta figura, o plano passaria agora em escolher pior, para mostrar melhor. A cegueira por querer ganhar em todos os campos...já tinha levado a uma aposta “suadinha” em Vítor Pereira, que teve de depender da hecatombe de Jesus nas últimas jornadas para salvar uma época cizenta para não dizer mais.

O “estão a ver, até com um cepo eu sou campeão” chamou então por Marco Silva. Mais uma no poste. O treinador sensação do Estoril estava de reserva para substituir Jesus. Depois de alguma indecisão entre o “desempregado” Domingos e o “´pe-frio” Peseiro...a escolha recairia em Paulo Fonseca, talvez mais sensação que Marco Silva, mas com um futebol bem menos estruturado, atletas mais experientes e o apoio “institucional” de Braga e Porto coordenado por Mendes.

Para grande ironia, Jesualdo e Fonseca vão cair na mesma jornada, um nas vésperas de defrontar o ex-Jardim e o segundo depois de perder frente ao que será o futuro escolhido. A chuchar no dedo ficou, mais uma vez Salvador, que olha agora para a II Liga à procura de qualquer coisa que o reponha na senda europeia. O treinador do Penafiel é uma boa escolha, especialmente para quem gosta de experimentar e logo se vê.

Mas os holofotes vão estar sobre o acordo entre Marco Silva e os tripas e sobretudo a posição dos benfas que têm o Estorilista como reserva para a próxima época. Conseguirá o papa estragar a sucessão de Jesus? Conseguirá o benfas estragar a sucessão de Fonseca? Entre o que se quer o que se vai conseguir, sem dúvida que o Sporting foi o mais abençoado, até mais do que esperava. Renovar é o próximo passo.

SL